Cada
vez mais, especialistas do mundo todo vêm falando sobre a importância dos
primeiros mil dias de vida do bebê - que incluem os nove meses de gestação e os
dois anos após o nascimento. Tomar os devidos cuidados nessa fase é fundamental
para que a criança cresça de forma saudável durante a infância, a adolescência
e até a vida adulta. Pensando nisso, a Pastoral da Criança, em parceria com a
Rede Globo, lançou a campanha Toda gestação dura mil dias, que contará, entre outras coisas, com um
aplicativo que permitirá a gestantes e mamães acompanhar, semana a semana, o
desenvolvimento da gravidez e dos filhotes.
A
seguir, elencamos dez momentos importantes do desenvolvimento infantil
durante esses mil dias e como as mães devem ficar atentas.
1. Planejar a gravidez
Embora
essa fase não contabilize nos primeiros mil dias de vida de um bebê, ela é
imprescindível para que a criança se desenvolva, na barriga e depois de nascer,
cheia de saúde. Ao planejar uma gravidez, a mulher deve fazer uma série de
mudanças em seu estilo de vida. Isso inclui abandonar certos hábitos
- como fumar, ingerir bebidas alcoólicas e comer alimentos
industrializados, gordurosos e cheios de açúcar - e adotar outros, a
exemplo de uma alimentação balanceada (rica em frutas, verduras, cereais e
carnes magras) e a prática de atividade física. Vale lembrar, é claro, que tudo
isso deve ser feito sob a orientação de um médico.
Outra
medida importante é a suplementação de nutrientes que estejam em falta no
organismo da futura mamãe. Nesse caso, o principal é o ácido fólico, vitamina
do complexo B que participa, já nas primeiras semanas de gravidez, da formação
do tubo neural do feto - e que a maioria das mulheres não apresenta em
doses adequadas. "O consumo desse nutriente deve começar no mínimo 30 dias
antes de engravidar", orienta a nutricionista Caroline Dalabona, da
Pastoral da Criança. No entanto, a recomendação do Ministério da Saúde e da
Organização Mundial da Saúde (OMS) é que isso aconteça entre 60 e 90 dias antes
da gestação, para que dê tempo de atingir os níveis recomendados.
E
não pense que é só o físico que precisa de cuidados. Fortalecer o lado
emocional da mãe, do pai e do casal é fundamental para que a gravidez e a
criação do bebê ocorra com tranquilidade.
2. Alimentar-se bem durante a gestação
Ter
uma alimentação equilibrada se torna ainda mais importante durante os
nove meses em que o bebê está na barriga. Entre os nutrientes que não podem
faltar no prato da gestante estão ferro, vitamina C, cálcio, ômega-3 e fibras.
Comer
de forma correta também é a melhor maneira de garantir que a futura mamãe ganhe
peso de forma adequada - isto é, nem muito nem pouco. "Mulheres que
comem demais estão propensas a desenvolver diabetes, por exemplo, o que oferece
riscos ao bebê", alerta a pediatra Luciana Herrero, autora dos
livros O
diário de bordo da família grávida e O diário de bordo do parto. "Por outro lado, aquelas que fazem dietas
excessivas na gestação podem deixar de oferecer nutrientes importantes ao
pequeno", pondera.
3. Vacinar-se
Manter
a carteira de vacinação em dia é outra atitude que não pode faltar na lista de
uma mãe que se preocupa com o seu filhote. Isso porque, ao se imunizar, a
grávida passa os anticorpos para o bebê, protegendo-o por tabela.
As vacinas recomendadas na gestação são: influenza, hepatite B e a
tríplice bacteriana acelular do tipo adulto, que combate difteria, tétano
e coqueluche. Após o nascimento do pequeno, garanta que ele siga o calendário
de vacinação.
4. Preparar-se para o parto
Isso
mesmo: a preocupação com o nascimento da criança não deve existir apenas na
reta final da gravidez. E o primeiro passo é buscar informação. "É
essencial estudar a fundo os tipos de parto para eliminar mitos e preconceitos
que envolvem esse momento", indica Luciana Herrero. Segundo a médica, o
ideal é que se evite o agendamento do parto, pois o risco de o pequeno nascer
antes do tempo e desenvolver complicações é alto. "No Brasil, 35% dos
bebês nascem entre 37 e 38 semanas e com menos de 2,5 quilos", calcula.
Outra
maneira de se preparar para a chegada do filhote é por meio de exercícios que
trabalham o períneo - região localizada entre a vagina e o ânus, que
sustenta todos os órgãos pélvicos. Essa musculatura é muito exigida durante a
gravidez, devido ao peso da barriga, e também na hora do parto, já que é por
ali que o bebê passa. Exercitá-la ao longo dos nove meses facilita (e muito!)
esse processo.
5. Amamentar
O
aleitamento materno protege o bebê contra infecções, diarreia, obesidade... É
benefício que não acaba mais! A recomendação da OMS é que a amamentação seja
exclusiva até os 6 meses de vida e que permaneça até, no mínimo, os 2 anos
- mesmo com a alimentação complementar. "Quanto mais a criança mama
no peito, melhor será o desenvolvimento cognitivo e a imunidade dela",
conta Luciana Herrero.
No
entanto, boa parte das mães não tem o suporte necessário (do parceiro ou da
família) ou conhecimento suficiente para que a amamentação ocorra de
forma correta. "A mulher deve saber como o leite é produzido, como se faz
a pega, a maneira de ordenhar...", exemplifica a especialista, que também
é consultora internacional em aleitamento materno. Portanto, fazer cursos e
buscar ajuda de pessoas que já passaram por isso são ótimas escolhas.
6. Cuidar do sono do pequeno
Dormir
bem é algo muito positivo para os bebês. Afinal, é por meio do sono que
hormônios e células responsáveis pela manutenção do organismo são produzidos e
que a memória é consolidada. Estudos já demonstraram que crianças que dormem
pouco estão mais sujeitas a males como ansiedade, depressão e agressividade no
futuro. Para isso, é importante que os pequenos descansem a quantidade de tempo
necessária para a sua faixa etária. "É impossível estabelecer uma rotina
antes dos 6 meses de vida, porque o cérebro do bebê ainda está muito
imaturo", esclarece Luciana Herrero. Para ter ideia, até os 4 meses, ainda
não há produção de melatonina, hormônio que induz o sono. "A criança ainda
não sabe o que é dia e o que é noite", pontua a médica.
Daí
porque tentar controlar os horários que o bebê dorme nessa fase é difícil, além
de ser prejudicial ao desenvolvimento do pequeno. A recomendação é que, somente
após os 6 meses, os pais comecem a aplicar técnicas para que o filho
durma em horários específicos. O pediatra pode indicar a melhor forma de fazer
isso.
7. Estimular os vínculos
Carinho,
afeto e contato físico são alguns dos ingredientes essenciais para estabelecer
e fortalecer os vínculos com o filhote. "Receber amor e atenção contribui
para o desenvolvimento neurológico e também para a imunidade do bebê",
afirma Herrero. Além disso, uma criança com uma base emocional sólida tende a
ser mais segura no futuro.
8. Brincar com o bebê
Sentar
no chão e brincar com o seu bebê é mais importante do que você imagina. Além de
estimular a criatividade e o desenvolvimento cognitivo, as brincadeiras
promovem a interação da família, de modo que a criança se sinta mais segura e
amada. E não pense que isso inclui colocar o pequeno em frente a uma televisão
- esse tipo de atividade apenas distrai. Brinquedos e atividades simples
já dão conta do recado - e são muito mais divertidos!
9. Desenvolver o paladar
Durante
a introdução de alimentos diferentes do leite materno, é importante variar, ao
máximo, a oferta de sabores aos bebês - sempre respeitando, é claro, os
itens indicados para crianças menores de 1 ano. Por isso, ofereça frutas,
verduras, legumes, temperos naturais em diferentes preparações. E nem é preciso
dizer que itens cheios de açúcar, gordura e sódio devem passar longe do prato
do pequeno.
Além
disso, não se esqueça de que a família deve ser exemplo. "Se você quer que
o seu filho coma frutas, então consuma esses alimentos na frente dele",
orienta Caroline Dalabona.
10. Incentivar a fala correta
É
normal que os pais falem de um modo diferente com bebês. A fala pausada é até
benéfica para aqueles que ainda não estão na fase de pronunciar as primeiras
palavras. No entanto, conforme os pequenos vão crescendo, estimular a fala
correta é importante. Isso pode ser feito, por exemplo, evitando adivinhar
o que a criança quer dizer. "Se ela apontar para um objeto, tente fazê-la
repetir o nome", indica a pediatra Luciana Herrero. Conversar com o
pequeno, cantar músicas e ensinar palavras novas também são boas dicas.